maio 14, 2010

Oração do Tempo



 

Oração Ao Tempo

Caetano Veloso

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...
Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...
O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...
Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...
Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

Ayahuasca livre > pirata > genérica > livre - Consumo da Ayahuasca foi regulamentado pelo Conad

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Consumo da Ayahuasca foi regulamentado pelo Conad

O uso da Ayahuasca foi regulamentado pelo Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. A resolução autorizando o consumo da bebida em rituais religiosos e vedando sua utilização com fins comerciais, turísticos e terapêuticos foi publicada no Diário Oficial da União dessa terça-feira, 26 de janeiro (Seção 1, páginas 57 a 60).
Obtido por meio da mistura de duas plantas nativas da floresta amazônica - o cipó Banisteriopsis caapi (jagube, mariri) e da folha Psychotria viridis (chacrona, rainha) -, o chá também é conhecido como Santo Daime e Vegetal. O uso da Ayahuasca é uma tradição secular de grupos indígenas da Amazônia brasileira, mais tarde disseminado em rituais religiosos de comunidades localizadas principalmente na Região Norte do país.
A discussão sobre os efeitos psicoativos causados nos usuários da bebida foi responsável por uma longa avaliação, de mais de 20 anos, nos órgãos públicos responsáveis pela liberação do consumo para práticas rituais. O Grupo Multidisciplinar de Trabalho que regulamentou o uso religioso da Ayahuasca foi instituído em novembro de 2004, mas bem antes disto, o tema já tinha sido alvo de outros estudos oficiais. O relatório do GT reconheceu a sua utilização como prática legítima de manifestação cultural das populações tradicionais da Amazônia e de parte da população urbana do país, cabendo ao Estado garantir e proteger o pleno exercício deste direito.
Dentre o conjunto de regras aprovadas para o uso da bebida constam a proibição da exploração comercial e a divulgação do seu consumo como atração turística. Foram autorizados gastos apenas com as despesas de manutenção feitas por entidades religiosas, na extração dos vegetais da floresta ou no seu cultivo. Também foi proibida a utilização da substância como medicamento, enquanto não forem desenvolvidas pesquisas científicas que comprovem a sua eficiência terapêutica.
Patrimônio Imaterial
Em maio de 2008, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, autarquia vinculada ao Ministério da Cultura, recebeu um pedido de reconhecimento do uso ritualístico da Ayahuasca como bem cultural de natureza imaterial. A solicitação foi entregue ao então ministro da Cultura, Gilberto Gil, por sete grupos religiosos que utilizam a bebida, durante visita oficial ao Acre para o lançamento do Programa Mais Cultura.
O pedido já foi avaliado pela Câmara Técnica do Patrimônio Imaterial do Iphan/MinC, onde foi detectada a necessidade de ampliar os estudos sobre os demais usos do chá nas expressões culturais da população tradicional da Amazônia, principalmente em comunidades indígenas. A conclusão desta etapa é fundamental para subsidiar a decisão do instituto sobre o pedido de reconhecimento do chá como patrimônio cultural brasileiro. Saiba mais.
(Comunicação Social/MinC)
 

março 16, 2010

Feitiçaria - Por W.U.

FEITIÇARIA

O universo quer brincar. Aqueles que por ganância espiritual se recursam a jogar & escolhem a pura contemplação negligenciam sua humanidade - aqueles que evitam a brincadeira por causa de uma angústia tola, aqueles que hesitam, desperdiçam sua oportunidade de divindade -aqueles que fabricam para si máscaras cegas de Idéias & vagam aí à procura de uma prova para sua própria solidez acabam vendo o mundo através dos olhos de um morto. Feitiçaria: o cultivo sistemático de uma consciência aprimorada ou de uma percepção incomum & sua aplicação no mundo das ações & objetos a fim de se conseguir os resultados desejados. O aumento da amplitude da percepção gradualmente bane os falsos eus, nossos fantasmas cacofônicos - "a mágia negra" da inveja & vingança volta-se contra o autor porque o Desejo não pode ser forçado. Quando o nosso conhecimento da beleza harmoniza-se com o ludos nature, a feitiçaria começa. Não, não se trata de entortar colheres ou fazer horóscopos, naõ é a "Aurora Dourada" nem um xamanismo de brincadeira, projeção astral ou uma Missa Satânica - se você quer mistificação, procure nas coisas reais, nos bancos, política, ciência social - não esta baboseira barata da Madame Blasvatsky. A feitiçaria funciona criando ao redor de si um espaço físico/psíquico ou aberturas para um espaço de expressão sem barreiras - a metamorfose do lugar cotidiano numa esfera angelical. Isso envolve a manipulação de símbolos (que também são coisas) & de pessoas (que também...

simbólicas) - os arquétipos fornecem vocabulários para esse processo & portanto, são tratados ao mesmo tempo como reais & irreais, como palavras: Ioga da Imagem... A feitiçaria não infringe nenhuma lei da natureza porque não existe nenhuma Lei Natural, apenas a espontaneidade da natura naturans, o Tao. A feitiçaria viola as leis que procuram deter seu fluxo - padres, reis, hierofantes, místicos, cientistas & vendedores consideram a feitiçaria...

uma inimiga porque ela representa uma ameça ao poder de suas charadas & resistência de sua teia ilusória. As táticas do anarquismo ontológico estão enraizadas nesta Área secreta - os objetivos do anarquismo ontológico aparecem no seu florescimento. O Caos enfeitiça seus inimigos & recompensa seus devotos... este estranho panfleto amarelado, pseudonímico & , manchado de pó, revela tudo... passe-o adiante por um segundo de eternidade.




março 15, 2010

Tutorial- Aprenda a baixar arquivos via torrent!!!

O Bittorrent é um serviço de troca de arquivos que está ficando cada vez mais popular. Como os demais - KaZaA, eMule etc - ele tem sido utilizado para download de filmes, programas de TV e música piratas, mas tem imenso potencial para distribuição de conteúdo legalizado: empresas estão utilizando o formato para oferecer demos de jogos, vídeos e tudo mais.

A principal diferença em relação aos "concorrentes" é que, antes de fazer o download do arquivo propriamente dito, o usuário deve baixar outro, pequeno, que tem a extensão "torrent". Ele contém as informações para buscar os pedaços do arquivo desejado nas máquinas dos demais usuários. Parece complicado, mas é bastante simples.

Preparamos um tutorial passo a passo de como utilizar o sistema. Para tanto, adotamos para exemplo um programinha chamado uTorrent, que dispensa a instalação e é totalmente gratuito, e a versão demo do jogo de estratégia em tempo real Age of Empires III, disponível em versão "torrent" nos servidores do Terra. Outros arquivos podem ser encontrados em vários sites espalhados pela Internet, incluindo o site oficial (www.bittorrent.com), mas o conteúdo pirata tende a diminuir.

# Clique no link abaixo para baixar o uTorrent (107 Kb)
http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI713168-EI4798,00.html

1) Faça download do "torrent" do arquivo desejado para uma pasta de fácil localização (na dúvida, opte pela área de trabalho).

# Exemplo: baixe "torrent" do disco da Academia da Berlinda (14kb)
http://www.sombarato.org/taxonomy/term/43/all

2) Agora, dê dois cliques sobre o arquivo "torrent" que você transferiu para o seu computador. O uTorrent será executado - se isso não ocorrer, talvez seja necessário estar com o programa aberto, pelo menos na primeira vez;

3) Escolha a pasta na qual você deseja guardar o arquivo desejado. Pode ser a mesma do "torrent" ou outra qualquer - o primeiro arquivo pode ser descartado depois do término da transferência. Depois da escolha da pasta, o download do arquivo deve começar automaticamente.

Dicas

# Alguns sites de Bittorrent, e o próprio uTorrent, informam o número de "seeds" do arquivo desejado. Cada seed (semente, em inglês) representa um usuário que tem o arquivo disponível para os demais. Ou seja, quanto mais seeds, melhor, já que a transferência tende a ser mais rápida. E não adianta insistir com "torrents" sem ou com poucos seeders;

# Se você utiliza o Windows XP SP2, só é possível se conectar a 10 conexões TCP por determinado espaço de tempo. Isso quer dizer que pode demorar um pouco para conectar em diversos seeders, mas depois a transferência será rápida.

# Alguns provedores ou modems adsl podem barrar portas no seu modem, como medida de segurança. Caso não consiga baixar nenhum arquivo, verifique com seu provedor ou o fabricante do modem se a porta utilizada no Bittorrent está bloqueada.

FONTE: http://www.sombarato.org/node/84

Baixe e suba seus discos nesse link cima!!

março 03, 2010

Jodorowsky na Sala P. F. Gastal

Jodorowsky na Sala P. F. Gastal


A Sala P. F. Gastal recebe a partir de terça-feira, dia 2 de março, uma programação reunindo filmes do cultuado cineasta chileno Alejandro Jodorowsky.
Promovida pelo SESC, a Mostra Jodorowsky exibe os quatro primeiros trabalhos desse visionário artista, há muitos anos radicado na França: o curta-metragem A Gravata (1957) e os longas Fando e Lis (1968), El Topo (1970) e A Montanha Sagrada (1973). Com sessões nos horários das 15:00 e 19:00, a mostra tem entrada franca. Na quinta-feira, 5 de março, após a exibição do filme A Montanha Sagrada, acontece um debate sobre a obra do diretor com a participação do críticos de cinema Cristian Verardi, Thomaz Albornoz e Marcus Mello (os dois últimos estiveram com Jodorowsky em 2004 e 2007, participando das tradicionais leituras de tarô que o mestre costuma promover).

Já na sessão das 17:00 a Sala P. F. Gastal segue exibindo o documentário brasileiro Crítico, de Kleber Mendonça Filho. Ingressos a R$ 3,00 e R$ 6,00.

PROGRAMAÇÃO DA MOSTRA JODOROWSKY

Os quatro filmes reunidos na mostra ilustram bem as razões pelas quais os fãs de Alejandro Jodorowsky costumam cultuá-lo como o mais original e iconoclasta de todos os cineastas. Sua visão de mundo delirante é traduzida num minucioso trabalho de direção de arte, com cenários e figurinos de grande impacto visual. Também chama a atenção a forma como o diretor usa animais em cena, fazendo desfilar pela tela cobras, hipopótamos, elefantes, lagartos, crocodilos, cobras, zebras, tigres, criando um autêntico bestiário cinematográfico.

Além dos filmes reunidos na programação, a filmografia do diretor inclui ainda os longas Tusk (1980), Santa Sangre (1989) e O Ladrão do Arco-íris (1990), seu último trabalho no cinema. Desde então, Jodorowsky dedica-se a outras atividades, como o estudo do tarô (foi responsável pela restauração do Tarô de Marselha), a literatura e as histórias em quadrinhos.

A Gravata (Le Cravate). França, 1957, 21 minutos.

Versão muda de um conto do escritor Thomas Mann sobre uma garota que vende cabeças. Com roteiro de Jean Cocteau, este curta era considerado perdido, mas teve uma de suas cópias recentemente descoberta na Alemanha. Para Jodorowsky, esta que foi sua primeira experiência cinematográfica mostra que “um artista deve ser como Cocteau, esquizofrênico, pois necessita ser muitas pessoas ao mesmo tempo, não apenas uma”. Exibição em DVD.

Fando e Lis (Fando y Lis). México, 1968, 93 minutos.

O impotente Fando e sua namorada paralítica Lis viajam em busca da cidade encantada de Tar, atravessando desertos escaldantes e montanhas traiçoeiras. A princípio concebido como uma livre adaptação de uma performance escrita pelo dramaturgo Fernando Arrabal, o filme acompanha dois personagens perdidos que transitam lastimosamente por labirínticos caminhos de incomunicabilidade. Exibição em DVD.

El Topo. México, 1970, 124 minutos.

Envolto numa roupagem alegórica e repleto de cifrados simbolismos, o filme narra as andanças de um pistoleiro através do deserto, numa epopéia surrealista que inaugurou a moda das sessões malditas na cidade de Nova York, as famosas “midnight movies”, que logo se espalhariam pelo mundo. Exibição em DVD.

A Montanha Sagrada (The Holy Mountain). México, 1973, 113 minutos.

O próprio Jodorowsky interpreta o papel de um alquimista que reúne um grupo de pessoas – cada uma delas representando um planeta do Sistema Solar – para uma jornada iniciática. Ovacionado no Festival de Cannes de 1973, o filme foi produzido com o auxílio dos Beatles, que eram fãs do trabalho do diretor. Exibição em DVD;

fevereiro 23, 2010

Editora Livre Ecoaecoa

















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janeiro 21, 2010

El Topirata

EL TOPO


Produced by: Abkco films
Language: Spanish
Runtime: Mexico: 125 mins.
Sound Mix: Mono

Directed by
Alejandro Jodorowsky

Muitos cavaleiros solitários vaguearam pelas planícies quentes desde a época de Shane, purificando os vícios e culpas de um grupo inquieto de habitantes e desaparecendo novamente no deserto, deixando uma pilha de corpos para os sobreviventes se desembaraçarem. A permanência do poder do faroeste passou a depender desta metáfora de olhos vazios, como um inquestionável moralista cuja força argumentativa reside não na retórica, mas na inteiramente dúbia superioridade moral da bala bem-mirada. Ele ganha muitas batalhas para que a audiência arrisque não ficar do seu lado, e, embora ele tenha se tornado um pouco mais vulnerável na última década, sua potência como um guerreiro da liberdade não diminuiu. Billy the Kid continua vivo. Então, quando vemos Alexandro Jodorowsky cavalgando determinadamente pelas dunas, vestido em couro negro, não temos dúvidas sobre a história que El Topo irá nos contar: covardia, corrupção, capitalismo e complacência, girando como asas de moinho, estão a postos para outro ataque violento.

A figura esquelética de Jodorowsky não carrega uma lança, mas um guarda-chuva, enquanto o diminuto Sancho Pança atrás dele é um pequeno de sete anos agarrado a um ursinho de pelúcia e a uma fotografia emoldurada de sua mãe. É chegada a hora, dizem ao menino, de coisas como brinquedos e mães serem colocadas de lado – de forma um quê inepta na areia, como acaba acontecendo – e dele tornar-se um homem. O pai toca uma flauta para o enterro e eles cavalgam embora para encontrar o mundo, o guarda-chuva ainda planando como um morcego acima deles. A fascinação peculiar de El Topo é definida pelos deslocamentos desta cena de abertura: a fotografia brilhante e a simplicidade da ação são contrabalançadas pelo senso de ritual, no qual cada movimento e cada objeto carrega uma história de significados. Ao mesmo tempo, a performance tem um subcorrente de absurdidade, como se cada significado, uma vez analisado, provasse conter sua própria contradição. Nenhuma criança pode descartar completamente um de seus pais em favor do outro, nenhuma educação racional negligencia o valor dos brinquedos, nenhum cavaleiro viaja nu se há uma longa jornada pela frente. O filme nos diz que a toupeira é uma criatura que escava na terra em busca do sol, apenas para se cegar quando chega à superfície, mas esta também é uma alegação baseada mais na confusão do que na acuidade. Soa trágica, e sua relevância para uma filosofia da vida, inquestionável, mas ocorre simplesmente dela não ser verdade.

Sem problemas; El Topo avança formidavelmente em seu caminho. A primeira lição da criança é uma visão do inferno, uma rua mexicana miserável, após um massacre, corpos por toda a parte, animais destripados, vastas piscinas de sangue a partir das quais estranhas cores de pôr-do-sol são refletidas, homens pendurados como pedaços de carne, e uma cacofonia eletrônica de carniceiros na trilha sonora (embora mal haja uma mosca à vista). A criança aprenderá ou pena ou pragmatismo, à sua escolha, quando lhe é dada uma pistola para liquidar o homem moribundo, e será então carregada para aprender a lição da vingança, na medida em que seu pai caça os bandidos responsáveis e os extermina. Um bando alegre, palhacento, estes criminosos, ocupados com o estupro de sapatos, lagartos, monges, e a garota de seu líder, dada a oportunidade. El Topo remove a peruca de seu líder, as roupas e sua hombridade, resgata a garota e abandona seu filho para o clero com o inestimável conselho que não se pode confiar em ninguém. Ao assistir seu pai partir nas garras de uma simples mulher, o menino pode ser visto como tendo completado sua educação. “Quem é você pra me julgar?”, o líder dos bandidos pergunta, confrontando seu Nêmesis. É uma pergunta útil, mas, de forma característica, a resposta só complica as coisas. El Topo, parece, se considera Deus, embora, em retrospecto, ele pode querer dizer que ele é um deus, ou ele pode querer dizer que ele é o Filho de Deus, ou ele pode ter cometido um erro. Para a inveja de sua garota, ele acha água no deserto atirando no topo de uma pedra e encontra comida desencavando ovos de tartaruga; ele confere a ela um orgasmo, a partir do qual ela também se torna capaz destes milagres caseiros. Como ela aponta, no entanto, ele não é muito um Deus, pois há pelo menos quatro outros homens no deserto mais rápidos com a pistola do que ele. Estes quatro Mestres, um quarteto esplêndido de vagos excêntricos Taoístas, devem ser derrotados por uma sucessão de truques tão sujos que El Topo, supremo, corre pelas areias numa agonia de remorso e determina que é o Filho de Deus quando stigmatas são disparadas em suas mãos e pés por uma lésbica que se manda com a garota dele. Os encontros são incríveis, repletos de leões, cordeiros e coelhos brancos; já que a Crucificação foi recontada de todas as formas, de um musical a uma corrida de bicicleta, parece não haver razão pela qual ela não deveria ser mostrada como um faroeste. Mas Jodorowsky obviamente gosta de trabalhar com vários tipos de mito simultaneamente, e seus duelos com os quatro Mestres são um desconcertante rodeio de crenças e conceitos. Simplificando, a primeira metade de El Topo mostra um homem testando os limites de sua força moral e física – e descobrindo que ele falhou consigo mesmo.

A segunda metade, de forma bastante previsível, começa com a ressurreição. Agora um amedrontador albino reminiscente do explosivo Siegfried de Fritz Lang, El Topo recupera a consciência no subterrâneo, onde, por anos, uma comunidade de aleijados cuidou dele. Trazido à consciência completa ao mascar um escaravelho cerimonial, ele jura liberar as patéticas criaturas em volta dele cavando um túnel de saída para eles através da pedra sólida; mas quando eles finalmente saem na luz, os resultados são, claro, fatais para eles. El Topo tem uma orgia final de matança na cidade local e imola a si mesmo no gesto budista de culpa, protesto e desespero compartilhados. No meio tempo, seu filho reaparece, agora completamente crescido e vestido nas cores sepulcrais padrão da família, e cavalga com a mulher e o outro filho de El Topo para recomeçar tudo novamente. Trata-se menos de um círculo fechado do que de uma espiral, fielmente ao gosto de Jodorowsky pelas teorias de Gurdiieff, e sua mensagem parece ser que a sociedade pode se destruir, mas o espírito tem apenas uma chance de sobreviver.

Seria tentador ignorar a ecoante galeria de cifras e símbolos, não fossem eles tanto parte da diversão. Jodorowsky é tão cheio de significados quanto Buñuel, tão sem sentido quanto Fellini, e leva seus extremos mais longe nas regiões surrealistas do burlesco do que qualquer um dos dois; mas, num instante, ele está de volta novamente, se fazendo de Beckett, Jarry e Peckimpah. Sua personificação da teoria do autor seria intolerável se ele não fosse tão energético, um diretor tão inventivo tanto em sua vontade de parodiar (o plano em contra-plongée de El Topo irrompendo por uma porta) quanto na de imitar (um bandido chupando a ponta de um elegante sapato de salto alto). Sua própria performance é hipnótica, indo desde o atirador desgrenhado até o guru de cabeça raspada e ele é auxiliado por um notável elenco de agonizantes altruístas.

Phillip Strick

(Publicado originalmente em Sight and Sound, nº 1 1973/74, p.51. Traduzido do inglês por Tatiana Monassa)








O filho de El Topo precisará enterrar o seu primeiro brinquedo e o retrato de sua mãe.



A imagem do horror captada por olhos infantis.

http://www.contracampo.com.br/90/artjodosightandsound.htm






Escambo pirata:

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